2008-04-13

O Sebo

Meu pai sempre me levava ao sebo. Eu não gostava muito. Raramente tinha algo interessante, a maior parte das vezes era só aspiração de poeira recompensada por um chá mate na saída.
Tudo mudou na minha primeira transação. Dois CDs do Guns por um do Yes. Troca mais vantajosa, impossível. No começo, tudo era assim, motivado pela minha precária percepção de valor. Dois Jorge Amados por um Niezsche. Dois Van Damme por um Kubrick.
Um dia, sem perceber, a troca se tornou sua própria justificativa. Não importava mais o objeto. Tequila por Uísque. Programador por professor. Maconha por ácido. Essa namorada por aquela.
Hoje eu tenho uma guitarra e um pouco de esperança. Troco por uma camisa do Led.