2004-05-16

Caso de Familia 2

Meu amigo, nunca fui muito certo. Eu era pivete, mas fazia maior pinta de bacana.
No morro me chamavam de Teta, por causa deste terceiro mamilo.

Ela não. Ela era minha princesa. Morava em Ipanema, pertinho da praia onde a gente se conheceu. Quase quinze aninhos, um corpo dourado espetacular. Coisa de cinema. Família tradicional da burguesia carioca que não podia nem imaginá-la com alguém do morro, ainda mais de cor.

Uma tarde ganhei na loteria. Aniversário dela, casa vazia, o mundo era nosso. Mal passei pelo muro e já começamos ali mesmo. A pequena tinha um apetite de matar, muito maior que daquelas piranhas do baile.

Já anoitecia e a gente tava transando na sala, sem respeito pelo sofá caro ou por nenhum outro item da decoração. Assustados com um ruído decidimos continuar no porão, onde tinha a lavanderia. Mas nem assim paramos. Fiz aquela pose de fortão, levantei-a pela bunda e, com ela me abraçando com as pernas, fomos descendo a escada.

Mal acendi a luz e já ouvi a salva de “PARABÉNS”. Tava todo mundo lá. Ela sumiu instantaneamente e eu fiquei paralisado pela cena tão bizarra. Pelado, de pau duro, na frente de um monte de pinguin. Nem tentei reagir.

Hoje eu como essa gororoba da cadeia. Mas já comi muito melhor...

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