2004-07-12

Vassalos

Meu problema com o cristianismo não é, de forma alguma, religioso.
Poucas coisas me preocupam menos que a existência de entidades sobrenaturais, regentes da vida na terra. Não duvido da existencia de Deus, Cristo ou qualquer outro elemento da doutrina, mas acredito que a verdade está além da minha limitada visão. Pode ser um bom anestésico para a consciência aflita com a finitude de nossa existência ou problemas cotidianos. Mas são outros grilhões da igreja que me ferem.

As restrições à liberdade impregnadas em nossas cabeças atráves dos séculos como um sútil condicionamento é, entre todas as formas de escravidão, a mais vil. Tomemos como base o mais natural dos instintos, o sexo.
Falar em sexo é incomodante. Apenas o som de palavas como "sémen", "buceta" ou "pinto" são capazer de criar expressões de desaprovação ou nojo. E são coisas mais naturais que as brandidas em sultuosos edifícios nas sessões de pregação.

Estamos todos pelados. Tire a roupa se duvidar. A repugnação do obsceno mostra seu cúmulo ao levar um artista à justiça por mostrar as nádegas a um público restrito e mal educado, enquanto outros fazem isso públicamente em rede nacional. Não que eu ache que devemos ser peladões ou defenda o naturismo civil. O que me incomoda são os absurdos.

Pense que vivemos numa sociedade em que uma pessoa que ame outra de mesmo sexo, está subitamente privada de direitos garantidos até a criminosos, como herdar de seus parentes falecidos ou ter dependentes. Doenças sexualmente transmissíveis se propagam assustadoramente e ainda se questiona a corretude do uso de preservativos e pílulas anticoncepcionais.

Não acredito que a culpa de todos os males da sociedade seja da Igreja. Ela sempre teve fortes aliados no estrangulamento da liberdade, como o governo e a economia. Mas sem dúvida é uma fonte ativa e forte de restrições. Vejo a repressão mental a qual somos subjulgados como algo tão abominável e absurdo como as repressões físicas, tal qual o nazismo ou inquisição.

E isso não é um problema de minorias como judeus, homossexuais ou bruxas. É um problema constante, perverso, sutíl e global.

Isso inclui você.

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