2007-09-16

Saudades de Hitler

A novíssima ordem mundial, com todo conforto da modernidade, é de uma crueldade tão perversa que chega a me enojar. Enquanto lhe posto estas palavras usando a onipresente e maravilhosa rede de computadores, 65% do mundo nunca fez uma chamada telefônica. Por favor, isso não é uma estatística, é um sintoma. Sintoma da doença que causará asco em nossos descentes: a indiferença.

E não estou falando da indiferença moral, que me permite assistir o jornal na janta. Mas sim da indiferença generalizada perante o sistema excludente que construímos. Os que não tem dinheiro são excluídos. Excluídos das escolas, do trabalho assalariado e da sociedade. Excluídos da informação, da cultura e das artes. Excluídos de moradia e da rede de esgoto, no meu país, são mais de 30%.

Em breve (historicamente) estas pessoas, unidas na exclusão, estarão condenadas a condições de vida miseráveis, a trabalhos sem salário ou dignidade e, aos mais afortunados, a morte. É o holocausto passivo e globalizado, gerado pela minha e pela sua indiferença.

"O que mais preocupa não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem-caráter, dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons."
"No fim, não lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas no silêncio dos nossos amigos."
Martin Luther



(cemitério judeu em praga)

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