2008-07-01

Corolário (leia o post anterior primeiro)

Se o que define a arte, e sua profunda relevância, são os sentimentos dos quais é produto, então é infrutífero tentar classificar isso ou aquilo como arte, uma vez que não importa o que se faz, mas como é feito. O que reforça a afirmação que originou este post: os meios (como) justificam os fins (o quê). Note que isso não é antônimo ao maquiavélico vice-versa, uma vez que sem fins, os meios não são. Isso esclarece porque as pessoas de plastico, mesmo quando cantam, não produzem arte e porque para o artista este oficício é tão natural.

Alguem poderia me dizer se este pensamento é internamente consistente ou tautológico?

1 comentário:

Hermes disse...

Júlio, eu não sabia que tinha blog, e nem que escrevia sobre arte e música. Eu comecei a escrever um comentário, já beirava umas 10 laudas, quando não mais que de repente, eu apertei um botão e foi tudo para o saco. Vou me encorajar a escrever novamente. Lá vamos nós... =oP

Posso concordar que a arte é "sinônimo" de vaidade, afinal, é uma promoção do próprio artista. Podemos ver por exemplo algumas referências dentro da arte em qualquer período da história. Oscar Wilde era considerado um artista, não por escrever livros, mas porque ele quis fazer de sua vida o próprio espetáculo, então agia como se estivesse dentro de uma obra, sua biografia era o que ele queria escrever, ao invés de livros. Da Vinci foi menos explorado, talvez por sua distância dos séculos XVIII e XIX, quando toma corpo a história da arte.

Esta disciplina, que dentro da história já foi considerada "perfumaria" teve seu início juntamente com o Iluminismo e Positivismo, quando tentava-se legitimar a "ciência histórica". E como sabes o status de ciência se dá para disciplinas consideradas "certas e úteis" dentro da visão positivista. A história procurava uma maneira de se justificar para ser reconhecida. A arte foi assim enquadrada. Um conceito que permaneceu até a década de 1980 dentro da academia, e até hoje nos meios midiáticos, tal qual na 'opinião pública'.

O que é arte? Eis a pergunta que me faço todos os dias. Assim como: o que é cultura? Não existe uma resposta certa para conceitos tão gerais, pois são idéias que fluem, se modificam todo o tempo, engessá-las seria matar tudo aquilo que chamamos de "humano". Sua indagação me chamou atenção porque minha monografia será sobre um artista pop, Andy Warhol. Ele em sua perspicácia questionou muitos aspectos da arte em sua obra.

Warhol usava a técnica de 'silkscreen' para pintar os famosos quadros da Marilyn Monroe, inseriu objetos como a sopa Campbell em suas exposições, expôs uma réplica de uma caixa de "Brillo" (bom bril). Depois disso eu me pergunto, 'o que é arte?' Como um contemporâneo dele disse: "você é um assassino da beleza, um assassino do riso". Claro que se pode propor que Warhol tenha feito 'meta-arte', e discutido suas propriedades através disso. Mas eu imagino que ele queria provar mesmo era: algo só é arte quando legitimada pelo Canon. E ele mesmo disse quando estava tentando entrar no "mercado". "Eu quero colocar minhas obras na galeria de 'Leo Castelli'". E por que? Se um artista quer ser famoso ele deve ter uma boa publicidade, no campo da arte seria estar na melhor galeria, onde frequentam as pessoas mais ricas, e onde a obra irá se valorizar.

Eu compararia isso à indústria de roupas por exemplo. Duas calças são idênticas, uma é vendida na Renner, a outra na Ellus, qual será mais valorizada? A resposta é um tanto quanto óbvia, agora, quantos bons artistas não tiveram um bom marketing e ficaram vendendo suas aquarelas num praça ao lado de tocadores de flauta?


Espero que eu tenha contribuido com a sua discussão, acho que vou até postar esse comentário no meu blog, hahaha.

Abraços meu caro,

Hermes