2008-04-04

Terceira Pessoa

Ele não era ele para sí mesmo. Era outros. Alguns desconhecidos, outros familiares, mas raramente o próprio. Não era para sí, nem para os outros. Até com a própria mulher se estranhava, por ela não ser dele, mas de outro, perdido no passado.
Tinha amigos. Muitos. Raramente querido,
mas o mimetismo lhe poupava a rejeição. Não era falta de personalidade, mas excesso. Devorava experiências com a gula ansiosa dos mais privados, pois as vezes se sentia assim.
Quando se foi, muitos vieram se despedir. Mas só uma pessoa conhecia a alma do corpo que alí jazia. E ela nem sabia.

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